sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Comentários sobre a PDC 234/11


No dia 27/11/2012 foi realizada uma audiência publica para debater a PDC 234/11, que é proposta para derrubar o código de ética do profissional de psicologia que o proíbe de fazer terapia com sujeitos homossexuais para torna-los heterossexuais.
Como acadêmico de Psicologia e Jovem homossexual fico abismado como se propõe um debate, sobre a atuação do psicólogo com sujeitos homossexuais em cima de tanta falácia e sem embasamento algum senão religioso, claro e ainda argumento religioso cristão, que vem destruindo e tentando cristalizar a sexualidade, pois qual seria o incomodo que deveria causar nos psicólogos se o sujeito gosta de homens, mulheres, travestis, transexuais, crossdresser, andróginos, intersexuais ou assexuados?
Qual a função desse horror que essa classe de psicólogos manifestam, se não horror baseado em uma religião moralista e reacionária?
Ainda vieram com o discurso de que são gays porque foram abusados sexualmente, por que se tornaram ou por que escolheram.
Pensando assim no discurso deles, digamos que amanhã se descubra que todos os homossexuais escolheram ser homossexuais, que um dia gostaram de pessoas do gênero oposto, mas que um dia acordaram e decidiram, SEREI HOMOSSEXUAL,  aí eu pergunto que mal há nisso, se eu sou um sujeito que nasci, cresci e escolhi ser homossexual, qual é o problema de eu querer me relacionar afetivamente e sexualmente com indivíduos do mesmo gênero que o meu? E qual será o problema de eu amar esse sujeito, querer morar com ele e ainda querer que o estado garanta direitos constitucionais até hoje só garantidos à relações heterossexuais, ou ainda se amanhã tivermos o desejo de criar uma criança com todo amor e todos os mimos que pudermos pagar e oferecer, minha pergunta continua sendo, qual mal haveria nisso?
Acredito que nenhum, não estou fazendo mal a ninguém muito menos querendo coisas que outra pessoa não toparia viver comigo e muito menos querer um filho para sodomizar, abusar, agredir ou confundir a cabeça em algum aspecto.

Ainda existe o outro argumento dessa falácia reacionária que é que grande parte de sujeitos homossexuais foram abusados na infância, qual o problema que haveria em gostar de alguém do mesmo gênero, se a pessoa foi abusada, mas hoje consegue continuar sua vida sexual e tem a possibilidade de esse parceiro sexual do mesmo gênero ser seu futur@ companheir@/espos@/parceir@ ou seja lá como quiser chamar, qual o problema que há nisso? Aliás muitas pessoas foram abusadas sexualmente na sua infância e hoje vivem uma vida comum e conseguiram superar o trauma, e acredite muitas dessas pessoas são heterossexuais e muitos desses pedófilos que abusaram são heterossexuais.
 Se o fato da pessoa homossexual ter sido abusada, mas que esse abuso não gera nenhum sofrimento, angustia ou algo que paralise sua vida diária ou prejudique o individuo, qual o problema disso?
Não entendo esse incomodo das pessoas quererem achar uma causa para homossexualidade, como se de fato houvesse, só para poderem , revertê-la ou ter desculpas para ter que aceitar esse pobre coitado que não escolheu ser homossexual.

Outra acusação que fazem contra os sujeitos homossexuais é de que isso não é genético, não existe gene gay, ninguém nasce gay, MAS PERA AÍ, como assim não existe gene GAY, como assim não nasce GAY?
Ninguém fala, mas também não existe gene hetero, não há alguma comprovação que a pessoa nasce hetero, logo o futuro da humanidade é sexo para reprodução e nada mais que isso?
Esses discursos só permanecem em pé e como problemáticas para nossa vida aqui, por conta de todo esse moralism, não é como se em outras épocas não tivesse havido homofobia, sim houve e há ainda outras religiões homofóbicas.
Eu como sujeito homossexual, mas que em eterna transformação nessa vida, quero o direito de ser quem eu quiser ser, quero o direito de expressar minhas vontades (desde que não firam ninguém ou nenhuma lei), quero poder me relacionar com quem der vontade e expressar o gênero que eu quiser, no momento que me der vontade.
Se hoje estou casado com alguém do mesmo gênero, o amo, e quero estar junto, que mal há nisso?
Não me interessa se eu escolhi por vontade própria alguém do mesmo gênero ou se eu nasci assim, pouco me importa isso, eu só quero poder viver isso da forma que eu bem quiser.
Acredito que para psicólogos que de fato estão preocupados com o sofrimento psíquico de sujeitos homossexuais deve-se enfrentar o debate em outro nível, não é por que o sujeito que se sente atraído por pessoas do mesmo gênero sofre, que o que devemos ajudar a mudar a orientação sexual, muito pelo contrário o papel desse psicólogo é fazer esse individuo entender o que é essa sexualidade e como lidar com esse preconceito a ponto de que ele não faça mais sentido de ofender o sujeito.
Claro que em um país onde o ensino nas faculdades também está se perdendo é entendível que esses psicólogos de araque queiram fazer tal coisa, já que a maior parte da população é heterossexual, faz mais sentido que a heterossexualidade seja natural, mas pera aí, quem disse que é natural ser hetero ou quem disse que a heterossexualidade é algo normal? Não se pode provar isso, não se pode afirmar isso com nenhuma certeza, apenas podemos dizer que existem homossexuais, heterossexuais, t-lovers e assexuados, estão entre nós e que não há nada de errado correspondermos ao que sentimos e desejamos, claro desde que nossos desejos não prejudiquem ninguém.
Para finalizar deixo a manifestação de JEAN Wyllys em defesa da cidadania LGBT e criticando a opinião de psicólogos de tão baixo nível intelectual e conhecimento sobre diversidade sexual como os que comporam a banca.

Por: Bruno Bueno